Anticorpos anti-VIH1 e VIH2 em doentes com Tuberculose. Experiência de um trabalho realizado ao longo de 3 anos nas regiões de Lisboa, Barreiro e Santarém

Anticorpos anti-VIH1 e VIH2 em doentes com Tuberculose. Experiência de um trabalho realizado ao longo de 3 anos nas regiões de Lisboa, Barreiro e Santarém

REV PORT PNEU MOL I (6): 497-504 ARTIGO ORIGINAL Anticorpos anti-VIHl e VIH2 em doentes com Tuberculose. Experiencia de urn trabalho realizado ao Io...

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REV PORT PNEU MOL I (6): 497-504

ARTIGO ORIGINAL

Anticorpos anti-VIHl e VIH2 em doentes com Tuberculose. Experiencia de urn trabalho realizado ao Iongo de 3 anos nas regioes de Lisboa, Barreiro e Santarem L. TELO*, M.J. MARQUES GO MES*, F. AVILLEZ**, A.P. FARIA**, J. M. CARVALHO*, A. SARA IVA*, M. VILLAR*, M. L. FONSECA SANTOS*, F. TELHADA* eA. MANLQUE*

RESUMO

Pretendemos avaliar a taxa de anticorpos anti-VIHl e anti-Vill2 em doentes com Tuberculose activa. A pesquisa de anticorpos foi realizada por ELISA e confirmada por Western Blot. lncluimos 767 doentes (479 bomens e 288 mulberes); 671 eram caucasianos, 76 negros e 20 de outras ra~as. Dezoito usavam drogas ilicitas por via endoveoosa, 35 referiam ter feito transfusoes de sangue fresco e 630 eram heterossexuais. Cento e cinquenta e tres doentes tinham vivido em Africa por periodos variaveis de tempo; 541 doentes (70,5%) tinham T uberculose pulmonar, 164 (21,4%) tinham Tuberculose extrapulmonar, 44 {5,7%) tinham simultaneamente Tuberculose pulmonar e extrapulmonar, sendo 12 formas miliares e 18 (2,3%) tinham Tuberculose primaria. ldentificaram-se anticorpos anti-VIR em 14 doeotes (1,8% ): 10 antiVIHl e 4 anti-VIH2; todos os doentes seropositivos eram heterossexuais e urn toxicodependente; 5 doentes tinham exclusivamente Tuberculose pulmonar e 9 tiobam localiza~oes extrapulmonares (entre estes, estavam todos os doentes com anticorpos anti-VJB2).

• Com tssiio de Tuberculose da Soctcdade Porruguesa de Pneumologia. Lisboa •• Laboratorio de Refercncia da SID A do lnsti tuto Nacional de Satide. Lisboa

Recebido para publica~iio em 95.10.26 Aceite par a publica~ao em 95.11.30 Novembro/Dezembro 1995

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REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

Encontramos uma preval@ncia na nossa popula~io de 1,8%, que foi mais elevada na ra~a negra (3,9%); a seropositividade fol mais frequente nos doentes com Tuberculose extrapulmonar. E aconselhavel a pesquisa sistematica de anticorpos anti-vm nos doentes com Tuberculose em actividade. Palavras...chave: SIDA, VIR, VIH I, VIH2, Tuberculose, seropositividade epidemiologia. ABSTRACT

Setting: Patients with active tuberculosis. Objective: To evaluate the rates of anti-HIVI and anti-HfV2 antibodies in patients with active Tuberculosis. Design: Anti-RIV antibodies, were searched by ELISA and confirmed by Western blot. Results: We studied 767 patients (479 men and 288 women); 671 of them were caucasian, 76 black and 20 from other races. Eighteen of them were intravenous-drug users (IVDU), 35 had been transfused, 630 were heterosexual and in 121 we didn't obtain data about sexual behaviour; 153 sojourned in Africa for different periods of time; 541 patients (70.5%) had pulmonary tuberculosis, 164 (21.4%) had extrapulmonary tuberculosis, 44 {5,7%) patients presented pulmonary and extrapulmonary tuberculosis and 18 (2.3%) had primary tuberculosis. Fourteen (1.8%) patients bad anti-RIV antibodies: 10 HIVt and 4 HIV2; all seropositive were heterosexual, one being IVDU; 5 had pulmonary tuberculosis and 9 had extra-pulmonary tuberculosis (including all 4 cases with HIV2). Conclusions: We found a rate in our population of 1.8% particularly in black patients (3.9%); serum positivity was more frequent in patients with extrapulmonary tuberculosis particularly in HIV2 patients. We advise for systematic screening. Key-words: AIDS, HlV, Tuberculosis. seropositivity. anti-HfVI antibodies, anti-HIV2 antibodies.

A frcquencia com que a infec¥ao pelo Virus da duas infec¥6es tern grande incidenc1a lmunodcficiencia llumana (VTH) se associa a infec- (9,10.11.12,13,14). No nosso Pais a elevada incidencia da Tuberculose yao pelo Mycobacterium tuberculosis e sua reactivavao, a influencia nefasta que estas infec¥5es causam (15) eo ritmo com que a infecyao pelo VIH se tem urna a outra agravando-se mutuamente, sao dados disseminado (16), tern levantado desde ba alguns hoje adquiridos. Esta associayao tern inclusivamente anos, uma seria preocupa¥ao. Nesse sentido, em 1990 contribuido para uma alterayao da epidemiologia da a Comissao de Tuberculose da Sociedade Portuguesa Tuberculose em muitos Paises ( 1,2,3,4,5,6, 7,8). E de Pneumologia (a data Sociedade Portuguesa de sobejamente conhecido o aumento de casos novos de Patologia Respirat6ria) resolveu proceder a um estudo Tuberculose em comunidades onde vinha a decrescer levado a cabo no local de trabalho de vanos membros a born ritmo, como os E.U.A. e o efeito devastador da Comissao, a fim de ter conhecimento sobre a que tern constituido no continente africano, onde estas realidade deste prohlema. 498

Voi.1W6

Novembro/Dezembro 1995

ANTICORPOS ANTI-VIHI E VIH2 EMDOENTES COM TUBERCULOSE. EXPERIENCIA DE UM TRABALHO REALlZADO AO LONGO DE 3 ANOS NAS REGI6ES DE LISBOA. BARREIRO E SANTAREM

Esse estudo decorreu ao Iongo de 3 anos, tendo os resultados do primeiro ano, sido previamente publicados (I 7). Apresentamos aqui os resultados obtidos ao tim dos 3 anos.

MATERJAL E METODOS

Pesquisamos anticorpos anti-VIH I e anti- VLJ-12 ern doentes com Tuberculose comprovadameote em actividade, independentemente da existencia ou nao de comportamentos de risco para a infecc;:ao pelo VJH. fncluimos neste estudo doentes observados entre 15 de Fevereiro de 1990 e 14 de Fevereiro de J 993 em 2 servic;:os hospitalares de Pneumologia (Servic;o de Pneumologia 4 do Hospital de Pulido Valente e Clinica de Doenc;:as Pulmonares do Hospital de Santa Maria), e quatro Dispensarios dos Servic;:os de Luta contra a Tuberculose (Dispensarios do Barreiro, Lumiar, Santarem e Venda Nova). A Consulta de Tuberculose do Servic;:o de Docnc;:as Pulmonares do Hospital de Santa Maria, recebia para alem de doentes anterionnente intemados no Servic;:o, doentes enviados pela Unidade de SIDA. Para obviar o enviezarnento que estes doentes iam introduzir nesta avaliac;ao, apenas incluimos no nosso estudo doentes em quem era desconhecida a existencia previa de infecc;:ao peJo VIH. 0 d.iagn6stico de Tuberculose assenlou na idenlificac;:ao do Mycobacterium tuberculosis, de granulomas caseosos em fragmeutos de bi6psias de diversos materiais e, na Tuberculose primaria, a clinica, a reacyao a tuberculina e a radiografia do t6rax. A pesquisa de anticorpos anti-Vl f-11 e anti-VTH2 foi realizada no Laborat6rio de Referencia da SlDA do lnstituto Nacional de Saude. A tecnica usada foi EUSA (Elavia Ac-Ab-Akl, Diagnostics Pasteur Wellcozyme HIV Recombinant, Wellcome Enzygnost+ Anti-HIV l-HN2, Behring) tendo-seem todos os posirivos reaUzado a sua confinnac;:ao por Western blot (Westem blot + IgG assay (version 1.2 and version 2.2 HIV 1, Diagnostic Biotechnology (Pte) Ltd; New Lav-Blot T-Ac-Ab-Ak, Diagnostics Pasteur; Western blot TgG assay HIV2, Diagnostic Novembro/ Dezembro 1995

Biotechnology (Pte) Ltd; New Lav-Blot 11-Ac-AbAk, Diagnostics Pasteur). Foi pedido a todos os doentes o seu consentimento. Consultamos os processos cU.nicos de todos os doentes com vista a fazer urn levantamento dos seguintes dados: dados demograficos, comportamentos de risco para a infecc;:ao pelo VIH, referencia a estadias anteriores em Africa, apresentac;ao clinica, e a fonna radiognifica. Do ponto de vista radiol6gico, considenimos as fonnas tipica e atipica (designando tipica as fonnas cavitadas e atipicas as nao cavitadas, com aspecto mais exsudativo). Companimos estes dados nos doentes com e sem infccc;ao VIR, tendo usado uma tabela de contigencia e a prova 2 do qui na avaliac;ao da significancia das diferenc;:as obtidas.

RESULTADOS

Tncluimos neste estudo 767 doentes com Tuberculose, 479 homens e 288 mulheres, com idades medias respectivamente de 40.8 ± 15,6 e 35,7 ± 16,9 anos. Nove doentes (1,2%) tinham menos de 15 anos de idade, 252 (32,9%) tinham entre 15 e 29 anos. 254 (33 , I%) entre os 30 e os 44 anos, 155 (20,2%) tinham entre 45 e 59 anos e 97 ( 12,6%) doentes rna is de 59 anos (Quadro T). No que diz respeito a ra9a, 671 eram caucasianos, 76 eram negros e 20 doentes distribuiam-se por outros grupos raciais (Quadro II). Considenimos tambem a sua naturaJidade, sendo 645 naturais de Portugal, I 05 natura is de diversos paises africanos (32 de Cabo Verde, 2 de Sao Tome e Principe, 6 da Guine-Bissau, 49 de Angola, I da Africa do Sui e 15 de Moc;:ambique) e 17 eram naturais de outras regioes do Mundo (2 naturais de Franc;:a, t da Alemanha, I do Brasil, 6 da Republica da india, 1 da China e 6 de Timor) (Quadro ill). A d.istribuic;ao pelos diferentes comportamentos de risco foi a seguinte: 18 usavam drogas iHcitas por via endovenosa, 35 tinhan1 recebido transfusoes de sangue, I era hemofilico, 630 heterossexuais, l bissexuaJ e 15 nao tinham activ.idade sexual; em 121 desconhecemos os seus comportamentos sexuais; resta reterir que 8 Vol.lN°6

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REVlSTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

QUADROI Distribuiviio dos doentes por idades e sexo

Total VIR(+)

I dade

Total

< 15 15-29 30-44 45-59 >59

9 252 254 155 97

2 (0,8%) 6 (2,4%) 6 (3,8%)

Total

767

14 (1,8%)

Hom ens

3 120 179 Ill

Hom ens VIB(+)

2

6 5

66 479

13 (2,7%)

Mulheres

Mulheres VIH(+)

6 132 75 44 31

288

I (0,3%)

QUADROU Distribuiviio dos doentes analisados e dos seropositivos em funviio da rava Rava Caucasiana Negra Outras

Total

VJH(+)

VIHl(+)

VIH2(+)

671 76 20

II ( 1,6%)* 3 (3,9%)* 0

8 2

3

(p>O.OI)*

referiam contactos com doentes com SIDA, 153 tinbam vivido-em Africa por periodos de tempo muito variaveis (Quadro IV). A analise das formas clinicas de Tuberculose dos nossos doentes mostrou que tinbam formas pulmonares 541 (70,5%) doentes, 164 (21 ,4%) tinham formas extrapulmonares de tuberculose, 44 doentes tinham formas pulmonar e extrapulmonar de tuberculose, dos quais 12 ( 1,5%) tinham Tuberculose miliar e finalmente, 18 (2,3%) doentes tinbam Tuberculose primaria (Quadro V). Tendo em considerar;ao os aspectos radiol6gicos, separamos os doentes em 2 grupos consoante as 1esoes radiol6gicas erarn tipicas ou atipicas, nao tendo eocontrado diferenr;as significativas quando tomamos em consideravao o resultado da pesquisa de ~nticorpos anti-VII-I (Quadro V). Identificaram-se anticorpos anti-VTH em 14 (1 ,8%) doentes: I 0 tinham anticorpos anti-HlV- I e 4 tinham anticorpos anti-HfV -2. Entre os doentes seropositivos apenas urn era muJher, as idades oscilavam entre os 21 e os 59 anos de idade (media 4 I ,5 ± 11,0 anos); todos eram heterossexuais, 1 referia 500

consLtmo regular <:le drogas ilicitas por via endovenosa e a mulher era sexualmente promiscua. Onze dos seropositivos eram caucasianos ( I ,6% de todos os caucasianos); 3 eram negros (3,9% dos negros da popula<;ao estudada) sendo estes os unicos africanos seropositivos. Onze destes doentes tinhan1 nascido em Portugal (1,7%) e 3 em Africa (2,8%) (p
A TICORPOS ANTI-VTH I E VIH2 EM DOENTES COM TUBERCULOSE. EXPERIENCIA DE UM TRABALHO REALlZADO AO LONGO DE 3 ANOS NAS REGH)ES DE L!SBOA. BARREIRO E SANTAREM QUADRO Ill Origem dos doentes Continente

Pais

Total

VlH(-)

VfH (+)

648

637*

II (1.7%)•

645 2

633 2

11(1,7%)

105

102*

3 (2,9%)•

32 92

31 2

Europa Portugal Fran~a

Alemanha Afnca Cabo Verde Sao Tome e Princtpe Gume-Bissau Angola Afnca do Sui Mo~ambtque

Amc!nca

6

6

49 I 15

47

2

2

7

7

6

6

6

6

2 (4.1%)

I

15

Brasil A«ta lndta China Oceanin Tunor '" (p>O.OI)

QUADRO IV Distributc;iio da popula~iio estudada e dos scropositivos pelos comportamentos de risco para a tnfecc;ao VIH Mulheres Total Hcterossexua•s Homosscxua is/B tssexua IS

630 I

Homcns

Total

VIH(-)

VIH(-r)

Total

VIII(-)

VIH(+)

215 0

214

I

415

402*

13(3.1%)

0

I

I

64 3

64 3

I

I

15

15

57 15 0 20

57 14• 0 20

Desconhecido Tox tcodependentes Hcmofilico Transfusiio

121 18 I 35

1(6.6%)

•(p>O.OI)

atipicas (Quadro V) (P>O,O l ). Os dados demograficos, cpidemiol6gicos e clinicos de cada urn destes docntcs estao represcntados no Quadro VI.

CONCLUSOES

Novembro!Dezembro 1995

Vol I N° 6

Os nossos resultados apontam para uma taxa de 501

REVISTA PORTUGUESA DE PNEUMOLOGlA

QUADROV Clinica e lesoes radiol6gicas dos doentes

Pulmonar Extrapulmonar Pulmonare extrapulmonar miliar Prim aria

Fom1a clinica

Lesoes radio16gicas

Tipicas Aiipicas

Total

VrH(-)

Vffi(+)

541 164

536* 158*

5 (0,9%) 6 (3,6%)

44

40*

4 (0,9%)*

12+

II +

/+

18

18

0

509 53

504 51

5 (0,9%) 2 (3,8%)

+ Tuberculose miliar (*p
QUADROVI Dados epidemiol6gicos de cada urn dos seropositivos Doentes

Sexo

Idade

Ra~a

Origem

Factores de risco

Estadia em Africa

VIH

Forma Clinica

I

H

48

N

Angola

Ht

Sim

I

Pulmiio

2

H

41

c

Portugal

Ht

Sim

I

Pulmao

3

H

21

N

Angola

Ht

Sim

I

Giinglio

4

H

53

c

Portugal

Ht

?

l

Pulmiio

5

H

32

c

Portugal

Toxico Ht

Nao

l

Pulmiio

6

H

40

c

Portugal

Ht

Sim

I

Pulmiio Pleura

7

H

59

Portugal

HI

Nao

I

Pulmiio

8

H

28

Portugal

Ht

Niio

l

Miliar

9

H

53

Portugal

Ht

Sim

I

Pleura

10

H

45

c c c c

Portugal

Hf

Nao

l

Pleura

II

H

36

N

Guinea

Ht

Sim

2

Pleura

12

H

43

Portugal

Ht

Nao

2

Ganglio

13

H

52

c c

Portugal

Ht

Nao

2

Pele+Genital

14

M

31

c

Portugal

Ht prostituta

Niio

2

Pulmiio+Figado

Legenda: H: Homem; M: Mulher: C: Caucas1ano: N: Negro; Ht: heterossexual

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ANTICORPOS ANTI-VrH I E V1H2 EM DOENTES COM TUBERCVLOSE. EXPERIENCIA DE UM TRABALHO REALJZADO AO LONGO DE 3 ANOS NAS REGT<)ES DE LIS BOA. BARREIRO E SANTAREM

incidencia de anticorpos VII-I de 1,8% em doentes com Tuberculose. Estes valores sao satisfat6rios quando comparados com estudos de seroprevalencia realizados em Africa (11,12,13.14); devem contudo ser considerados elcvados se comparados com ourros estudos de seroprevalcncia efectuados entre nos. Num estudo de prevalencia de anticorpos anti-VlHJ e antiVIH2 realizado em mulhercs que frequentavam uma consulta de planeamento familiar de uma Consulta Neonatal em Lisboa (18) encontrou-se uma seropositividade de 0,29% para cada virus (prevalencia global de 0,58%). Dados preliminarcs de um estudo efecruado em dadores de sangue, a seropositividade fo1 de 0.6111000 Unidades (19); num estudo semelhantc realizado em Lisboa em mulheres em idade de procnar os autores encontraram uma seropositividadc de 0,76/ 1000 (20). Urn outro facto importante e que na popula¥iio que estudamos, 4 dos seropositivos estavam infcctados pclo Vlll -2 (28,5%). AVTLLEZ ct a lie (21) pesquisaram anticorpos anti-VlH l e VII-I-2 no sangue de 785 individuos nascidos ou tendo residido ainda que por curtos periodos em Africa; estes autores encontraram anticorpos anti-HTV I em 20 individuos e anti-HTV2 em 44 pessoas. BENTTOGARCIA et alie (22) pcsquisaram anticorpos antiH JV2 em 2 grupos de portugueses; urn grupo nunca tinha residido ou viajado em Africa e o segundo grupo incluia individuos nascidos em Africa ou com contactos corn Africa: estes autores pesquisaram anticorpos em 9305 pessoas que se distribuiam por todos os grupos de risco para a infec¥iio Hrv: obtiveram positividade em individuos de ambos os grupos, predominantementc entre os do primeiro grupo; estes dados apontam para o facto da infecc;ao pelo HlV-2 sc

csta a disseminar entre a populac;ao portuguesa. Da analise dos resultados obtidos na populac;ao por nos estudada, a idade media dos seropositivos era superior ados seronegativos. A seropositividade foi rna is frequente entre os doentes de rac;a negra do que entre os caucasianos; quando comparamos os aspectos clinico radiologicos dos doentes seropositivos com Tuberculose pulmonar predominavam as formas tipicas; estas diferenc;as nao cram estatisticamentc significativas. No entanto, quando considerimos o local da lesao, a scropositividade foi mais frequcntc nos doentes com Tuberculose extraputmonar. Final mente concluimos que deve ser considerada a pesquisa de anticorpos anti-VIH em doentes com Tuberculose, particularmente nos negros e nos africanos. Nesta pesquisa dcvcm ser incluidos ambos os Virus, ja que a infecc;ao pelo VTH2 niio e rara no nosso pais, onde vivc um grande numero de pessoas originarias da Africa Ocidental e porque ha resultados que apontam para uma prevalencia elevada deste virus enrre nos.

AGRA DECli\-lENTOS Os Autores estao particulamlente gratos aProfessora Teresa Pntxao do lnstituto Nacional de Saude Publica (Lisboa, Portugal) que nos fomeceu dados epidemiol6gicos dos doentes com SIDA c Tuberculose. Estamos 1gualmcnte agradecidos ao Direc1or da Climca de Doeo~as Pulmonarcs do Hospital de Santa Mana (Professor M. Freitas c Cosla). aos Drs. R. Amarai-Marques. Berta Mendes, J Gil Duane. Jcsuvmo Henriques e Eduarda Pcs1ana do Hospital de Puhdo Valente, aos Assistentes do D1spensario de Santarem (Or.• Gra<;a Evansto). Dispcnsiino do Barreiro (Drs. Ameha P1mpiio e Isabel Redol) e Dispensano Lopo de Carvalho (Dr! Teresa Serra e Gra<;a Rifes) pela sua colaborac;iio imprescmdivel

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