S250
r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S243–S304
Discussão: Jorizzo et al. descreveram um conjunto de sintomas após cirurgia do trato gastrintestinal, não obrigatoriamente por bypass, criando-se um termo bastante amplo conhecido por síndrome de dermatoses-artrite associada ao intestino. Carubbiet al. citam um amplo espectro de manifestac¸ões reumatológicas que poderiam ocorrer após cirurgia bariátrica, como artrites erosivas e não erosivas, eritemanodoso, vasculite, entre outras manifestac¸ões articulares e cutâneas imunomediadas. Uma das hipóteses postuladas é que a cirurgia de bypass, particularmente, criaria uma condic¸ão de supercrescimento bacteriano na alc¸a cega e que todas essas manifestac¸ões reumatológicas, sistêmicas ou não, seriam consequências de uma ativac¸ão contínua e anormal do sistema imunitário inato e adaptativo juntamente com deficiência de vitaminas e minerais, em particular a vitamina D. Tais complicac¸ões seriam mais frequentes nas mulheres. A descric¸ão desse caso chama atenc¸ão pela variedade de manifestac¸ões reumatológicas incomuns que podem ser encontradas nesses tipos de pacientes, já que após extensa busca na literatura não encontramos nenhuma descric¸ão de artropatia de Jaccoud pós cirurgia bariátrica.
refer ê ncias
1. Carubbi F, Ruscitti P, Pantano I, Alvaro S, Benedetto PD, Liakouli V, et al. Jejunoileal bypass as the main procedure in the onset of imune-related conditions: the model os BADAS. Expert Rev Clin Immunol. 2014;9:441–52. 2. Jorizzo JL, Apisarnthanarax P, Subrt P, Hebert AA, Henry JC, Raimer SS, et al. Bowel-bypass syndrome without bowel bypass. Bowel-associated dermatosis-arthritis syndrome. Arch Intern Med. 1983;143:457–61. 3. Cox NH, Palmer JG. Bowel-associated dermatitis-arthritis syndrome associated with ileo-anal pouch anastomosis, and treatment with mycophenolate mofetil. Br J Dermatol. 2003;149:1296–7. 4. Parkin J, Cohen B. An overview of the immune system. Lancet. 2001;357:1777–89. 5. DeMaria E. Bariatric surgery for morbid obesity. N Eng J Med. 2007;356:2176–83.
Introduc¸ão: A terapia imunobiológica tem se tornado um dos grandes avanc¸os na medicina contemporânea, permitindo um melhor controle da inflamac¸ão e melhorando a qualidade de vida dos pacientes com Artrite Reumatoide (AR), Espondilite Anquilosante (EA), Artrite psoriásica (APs), Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), entre outras. Objetivos: Caracterizar o perfil clínico, sociodemográfico e de reac¸ões infusionais dos pacientes reumatológicos atendidos em uma clínica de terapia imunobiológica assistida. Métodos: O estudo foi desenvolvido de julho de 2016 a abril de 2017, através da aplicac¸ão de questionários em pacientes em uso de biológicos e acompanhamento durante as infusões. Foram incluídos os pacientes que concordaram em participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Foram avaliados até o momento 97 pacientes, com idade média de 53,9 ± 12,55 anos, 55,3% do sexo feminino, 85,4% não brancos, 35,9% tabagistas e 57,3% usuários do sistema privado. O diagnóstico foi AR em 52,4% dos casos, 1% Artrite Idiopática Juvenil, 27,2% EA, 11,7% APs e 1,03% LES. Dos medicamentos administrados, 62,1% dos pacientes receberam infliximabe, 1% adalimumabe, 1% etanercepte, 14,6% tocilizumabe, 7,8% abatacepte, 5,8% rituximabe e 1,03% belimumabe. Eventos infusionais agudos ocorreram em 7,2% dos pacientes, sendo 3,09% com infliximabe, 1,03% com tocilizumabe, 1,03% com rituximabe, 1,03% com abatacepte e 1,03% com belimumabe. Destes, 85,7% foram leves, 14,3% moderados e nenhum grave. Conclusão: A frequência de reac¸ões infusionais observada no presente estudo está em concordância com a literatura mundial, sendo que a maioria destes eventos foram leves ou moderados, sem necessidade de descontinuac¸ão da medicac¸ão. Ressalta-se a importância dos centros de infusão de terapia imunobiológica assistida em pacientes reumatológicos, tanto para avaliac¸ão e acompanhamento destes pacientes, quanto para estudos em cenário de vida real da terapia em questão.
refer ê ncias
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.311 PO415 AVALIAC¸ÃO CLÍNICA, SOCIODEMOGRÁFICA E DE REAC¸ÕES INFUSIONAIS DE PACIENTES REUMATOLÓGICOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE TERAPIA IMUNOBIOLÓGICA ASSISTIDA V.A. Souza a,b , L.F. Barbosa a,b , V.L. Gomes a,b , L.B. Barachi a,b , F.B. Araujo a,b , S.A. Reis a,b , R.O. Fraga a,b , A.S. Scotton a,b
1. Mota LM, Cruz BA, Brenol CV, Pollak DF, Pinheiro GdaR, Laurindo IM, et al. Seguranc¸a do uso de terapias biológicas para o tratamento de artrite reumatoide e espondiloartrites. Rev Bras Reumatol. 2015;55:281–309. 2. Moss IB, Moss MB, Reis DS, Coelho RM. Reac¸o˜es infusionais imediatas a agentes imunobiolo´ıgicos endovenosos no tratamento de doenc¸as autoimunes: experieˆncia de 2.126 procedimentos em um centro de infusa˜o na˜o oncolo´ıgico. Rev Bras Reumatol. 2014;54:102–9.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.312 PO416
a
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil b Reumatocenter Centro de Tratamento da Dor, Juiz de Fora, MG, Brasil Palavras-chave: Terapia imunobiológica; Reumatologia; Reac¸ão infusional
AVALIAC¸ÃO DA COBERTURA VACINAL ANTI-INFLUENZA SAZONAL 2016 E ANTI-PNEUMOCÓCICA EM PACIENTES COM DOENC¸AS REUMÁTICAS AUTOIMUNES: UM ESTUDO MONOCÊNTRICO
r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S243–S304
R.P.V. Rezende, R.A. Gismondi, J.S. Macaciel, P.C. Almeida, T. Folegatti, J.C. Bergamaschi, M.M.S. Silva, L.A. Batista, H.C. Maleh, L.O. Mocarzel, C.S. Vieira, R. Moraes Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil Palavras-chave: Vacinac¸ão; Influenza; Doenc¸as reumáticas autoimunes Introduc¸ão: As vacinas influenza sazonal e pneumocócica são seguras e amplamente recomendadas para indivíduos com doenc¸as reumáticas autoimunes (DRA). Entretanto, inquéritos vacinais realizados em diversos países têm mostrado que a cobertura a estas vacinas é subótima, o que é preocupante dado a maior morbimortalidade por doenc¸as infecciosas, notadamente do trato respiratório, entre pacientes com DRA. Objetivo: Avaliar a cobertura vacinal anti-influenza anual e anti-pneumocócica, assim como possíveis variáveis influenciadoras e os motivos para não adesão às recomendac¸ões, entre os pacientes com DRA atendidos no ambulatório de DRA do hospital universitário da Universidade Federal Fluminense (RJ). Método: Através de questionário semi-estruturado, entrevistamos por telefone, após a campanha, todos os pacientes com DRA com agendamento de consulta ambulatorial em até seis meses do início da campanha nacional de imunizac¸ão contra influenza em 2016. Resultados: Dos 79 respondedores ao questionário, 37 (46,8%) receberam a vacina influenza sazonal 2016 e 3 (3,7%) receberam pelo menos uma dose da anti-pneumocócica (todos estes vacinados contra influenza). Comparando os indivíduos vacinados e não vacinados contra influenza (37 vs 42 indivíduos, respectivamente), não observamos diferenc¸a estatística entre os grupos quanto aos dados demográficos, número de consultas realizadas no período de interesse, características clínicas das doenc¸as reumáticas, tratamento imunossupressor empregado, número de outras indicac¸ões de vacinac¸ão anti-influenza (1 vs > 1) e aspectos sócio-econômicos. Em relac¸ão aos pacientes não imunizados em geral, a falta de recomendac¸ão médica foi a principal justificativa para a não adesão à cada vacina (96% vs 35,7% para anti-pneumocócica e anti-influenza, respectivamente; p < 0,0001). Conclusão: Observamos baixa taxa de cobertura para a vacina anti-influenza sazonal e baixíssima cobertura anti-pneumocócica, sendo a falta de orientac¸ão médica o principal motivo para a não imunizac¸ão com cada vacina. Não observamos fatores influenciadores ligados às características da doenc¸a e do tratamento imunossupressor.
refer ê ncias
1. Assen SV, Agmon-Levin N, Elkayam O, Cervera R, Doran MF, Dougados M, et al. EULAR recommendations for vaccination in adult patients with autoimmune inflammatory rheumatic diseases. Ann Rheum Dis. 2011;70:414–22. 2. Falagas ME, Manta KG, Betsi GI, Pappas G. Infection-related morbidity and mortality in patients with connective tissue diseases: a systematic review. Clin Rheumatol. 2007;26:663–70.
S251
3. Pradeep J, Watts R, Clunie G. Audit on the uptake of influenza and pneumococcal vaccination in patients with rheumatoid arthritis. Ann Rheum diseases. 2007;66:837–8. 4. Doe S, Pathare S, Kelly CA, Heycock CR, Binding J, Hamilton J. Uptake of influenza vaccination in patients on immunosuppressant agents for rheumatological diseases: a follow-up audit of the influence of secondary care. Rheumatology (Oxford). 2007;46:715–6. 5. Lanternier F, Henegar C, Mouthon L, Blanche P, Guillevin L, Launay O. Low influenza-vaccination rate among adults receiving immunosuppressive therapy for systemic inflammatory disease. Ann Rheum Dis. 2008;67:1047.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.313 PO417 AVALIAC¸ÃO DA QUALIDADE DE VIDA E CAPACIDADE FUNCIONAL DE PACIENTES COM AR, LES E ES TRATADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO A.C. Portela a , A.L.O. Leal a , R.T. De Oliveira a , T.B. Lemos a , Y.V. Ribeiro a , P.A.R. Haddad a , R.B.C. Amorim a , L.R. Pereira b , A.B. Vargas-Santos a , G.R.C. Pinheiro a a Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil b Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil Palavras-chave: Qualidade de vida; Incapacidade funcional; Reumatologia
Introduc¸ão: Artrite reumatoide (AR), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e esclerose sistêmica (ES) apresentam fisiopatologia e manifestac¸ões clínicas distintas, mas podem ocasionar impacto significativo na qualidade de vida individual, capacidade funcional e laboral. Métodos: Este estudo analítico e transversal buscou estimar o impacto da AR, LES e ES na qualidade de vida, na capacidade funcional e o grau de adesão ao tratamento de pacientes atendidos pelo servic¸o de reumatologia. Para comparac¸ão, foi criado um grupo controle feminino, composto por acompanhantes saudáveis, dos diversos ambulatórios da instituic¸ão. Para a avaliac¸ão da capacidade funcional e da qualidade de vida foram utilizados, respectivamente, os questionários “Health Assessment Questionnaire-Disability Index” (HAQ-DI) e “Short Form-12” (SF-12). Resultados: Dos 50 pacientes com AR, 78% eram mulheres, com média de idade de 57,9 anos (DP = 10,3) e de durac¸ão de doenc¸a de 15,7 anos (DP = 8,7), HAQ-DI (mediana) de 1,0 (variac¸ão = 0-2,8), média do SF-12 componente físico (CF) de 36,1 (DP = 7,5) e mental (CM) de 47,9 (DP = 11,9). Na ES (n = 50), 84,8% eram mulheres, com média de idade de 50,2 anos (DP = 13,1) e de durac¸ão de doenc¸a de 8,9 anos (DP = 6,9), HAQ-DI (mediana) de 0,9 (variac¸ão = 0-2,5), média do SF-12 CF de 35,7 (DP = 10,1) e CM de 46,4 (DP = 12,1). No LES (n = 50), 98% eram mulheres, com média de idade de 36,6 anos (DP = 11,4) e de durac¸ão de doenc¸a de 10,9 (DP = 7,3), HAQ-DI (mediana) de 0,3 (variac¸ão = 0-1,8), média do SF-12 CF de 44,2 (DP = 11,0)