CRIPTOCOCOSE DISSEMINADA EM PACIENTES EM USO DE MICOFENOLATO POR NEFRITE LÚPICA: RELATO DE DOIS CASOS

CRIPTOCOCOSE DISSEMINADA EM PACIENTES EM USO DE MICOFENOLATO POR NEFRITE LÚPICA: RELATO DE DOIS CASOS

r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S47–S69 Introduc¸ão: O citomegalovírus (CMV) é um herpesvírus humano e pode apresentar-se latente no...

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r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S47–S69

Introduc¸ão: O citomegalovírus (CMV) é um herpesvírus humano e pode apresentar-se latente no interior de dos órgãos e ser reativado em depressão da imunidade celular, situac¸ões como uso de drogas imunossupressoras. Em imunossuprimidos a infecc¸ão pelo CMV pode proporcionar grande risco. O sintoma mais comum é a febre de longa durac¸ão, mas podem ocorrer: retinite, pneumonite, colite, hepatite e meningoencefalite. Descric¸ão dos casos: Caso 1: Paciente com lupus eritematoso sistêmico (LES) com quadro de tosse, febre e dispneia há 1 mês da admissão, sendo visto hipoxemia e aumento de LDH em exames, além de TC de tórax com vidro fosco e micronódulos, diagnosticada com CMV a partir de sorologias e detecc¸ão quantitativa do DNA viral (log 4,02). Caso 2: Paciente com diagnóstico de esclerose sistêmica difusa há menos de 1 ano, com rápida progressão cutânea (Rodnan = 43), crise renal esclerodérmica, vasculite retiniana e síndrome hemofagocítica foi transferida ao nosso servic¸o após pulso de corticoide e imunoglobulina. Na investigac¸ão do quadro, a pesquisa de DNA do CMV foi positiva (log 3,76). Caso 3: Paciente portadora de LES sem atividade em uso de Azatioprina e prednisona em altas doses, apresentando quadro de turvac¸ão visual, diagnosticada pela oftalmologia como uma retinite por CMV. Sorologia (IgM não reagente e IgG reagente) e Anti-DNA reagente. Caso 4: Paciente portadora de LES em atividade renal, realizando pulsoterapia com ciclofosfamida e prednisona em altas doses, apresentou quadro de colite grave. Na investigac¸ão a pesquisa de DNA do CMV veio positiva em altos títulos (log 5,31). Todos os 4 casos foram tratados com Ganciclovir endovenoso e evoluíram com rápida melhora dos sintomas. Discussão: A infecc¸ão por CMV é frequente, e com um grande pleomorfismo de manifestac¸ões clínicas. Pacientes imunossuprimidos podem apresentar quadros grave e potencialmente fatais. Dada a frequência e gravidade, a infecc¸ão por CMV deve ser sempre suspeitada em quadros de febre persistente em pacientes imunossuprimidos.

refer ê ncias

1. Gámez SS, Ruiz MP, Marí JNM. Infección por citomegalovirus humano. Enferm Infecc Microbiol Clin. Enferm Infecc Microbiol Clin. 2014;32 Supl 1:15–22. 2. Zhang L, Tao J, Wen Y, Li L, Wu X, Li X, et al. Cytomegalovirus infection in patients with lupus nephritis: clinical and laboratory features and therapeutic considerations. Clin Exp Med. 2017 Feb 17., http://dx.doi.org/10.1007/s10238-017-0456-3. 3. Britt W. Manifestations of human cytomegalovirus infection: proposed mechanism of acute and chronic disease. Curr Top Microbiol Immunol. 2008;325:417–70.

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PO85 CRIPTOCOCOSE DISSEMINADA EM PACIENTES EM USO DE MICOFENOLATO POR NEFRITE LÚPICA: RELATO DE DOIS CASOS A.C.M. Sodré, F.F. Barboza, J.F. Pignatari, M.M.M. Cortês, A.A.V. Pugliesi, L.T.L. Costallat, S. Appenzeller Disciplina de Reumatologia, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Palavras-chave: Criptococose disseminada; Neurocriptococose; Lúpus Eritematoso Sistêmico Introduc¸ão: A criptococose é uma das infecc¸ões fúngicas mais frequentes e a mais letal em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). O uso de corticosteroides e imunossupressores é o principal fator de risco nesses indivíduos. A principal apresentac¸ão é a meningite, mas também pode haver envolvimento pulmonar, hepático ou cutâneo. O tratamento é feito com anfotericina B endovenosa por 2 semanas, seguido de itraconazol por no mínimo 8 semanas. Alguns autores defendem o uso de dose de manutenc¸ão de fluconazol por tempo indeterminado. Descric¸ão dos casos: Duas pacientes com LES, em terapia de manutenc¸ão de remissão de nefrite lúpica com micofenolato sódico e prednisona, que foram diagnosticadas com criptococose disseminada, com acometimento neurológico, pulmonar e pesquisa de antígeno capsular de Cryptococcus neoformans positiva no sangue. O tempo de imunossupressão foi de 14 meses (3 últimos meses com micofenolato) e 4,7 anos (somente micofenolato). A apresentac¸ão inicial foi com meningoencefalite em um caso e com múltiplos abscessos cerbrais no outro. O acometimento pulmonar foi assintomático, tendo sido encontrado na investigac¸ão com exames de imagem. As duas pacientes receberam tratamento inicial com anfotericina B. Uma delas, que tinha também cirrose hepática criptogênica, desenvolveu sepse e insuficiência renal durante a internac¸ão, evoluindo a óbito. Necropsia confirmou os diagnósticos. A outra paciente continuou tratamento com fluconazol após a anfotericina e evoluiu com melhora clínica e radiográfica, porém permanece com positividade para o antígeno de criptococo no sangue. Discussão: Os casos ilustram uma infecc¸ão fúngica oportunista em pacientes com LES, que se apresenta principalmente com acometimento de sistema nervoso central, e também pulmonar, com alta mortalidade.

refer ê ncias http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.06.089 1. Chen HS, Tsai WP, Leu HS, Ho HH, Liou LB. Invasive fungal infection in systemic lúpus erythematosus: an analysis of 15 cases and a literature review. Rheumatology (Oxford). 2007;46:539–44. 2. Martínez MUM, Van-Oostdam DH, Acosta SR, Aquino MM, Cándido LB, Mendoza CA. Invasive Fungal Infections in Patients with Systemic Lupus Erythematosus. The Journal of Rheumatology. 2012;39:1814–8.

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3. Chen G, Chen Y, Zhu C, Yang C, Ye S. Invasive fungal infection in Chinese patients with systemic lúpus erythematosus. Clin Rheumatol. 2012;31:1087–91. 4. González LA, Vásquez G, Restrepo JP, Velásquez M, Ramírez LA. Cryptococcosis in systemic lúpus erythematosus: a serie of six cases. Lupus. 2010;19:639–45.

Conclusão: Conclui-se que a dor neuropática tem relac¸ão com características clinicas osteoarticulares mais agressivas da FC. Além da presenc¸a da dor, valores mais elevados do escore do DN4 também parecem estar relacionados a essa gravidade.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.06.090

refer ê ncias

PO86 DOR NEUROPÁTICA E CORRELAC¸ÕES CLÍNICAS NA FEBRE CHIKUNGUNYA COM MANIFESTAC¸ÕES MUSCULOESQUELÉTICAS PERSISTENTES L.F. Rocha Jr a , A.F.R. Oliveira b , H.D. Lima a , M.R.A. Freitas b , A.G.L. Mattos b , F.G.T. Vieira b , M.S.P. Luna a , C.L.D. Marques c , A.L.B.P. Duarte c , Ranzolin a , P.R.S. Melo a a

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Recife, PE, Brasil b Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Recife, PE, Brasil c Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil Palavras-chave: Dor neuropática; Febre chikungunya; Manifestac¸ões musculoesqueléticas Introduc¸ão: A Febre Chikungunya (FC) é uma doenc¸a causada por um RNA vírus e sua transmissão ocorre através do mosquito do gênero Aedes. No Brasil houve uma epidemia de FC em 2016. A dor neuropática periférica (DNP) associada a FC tem sido descrita e foi relacionada a um cenário clinico mais agressivo da doenc¸a. No Brasil, torna-se necessário saber quais características da FC estão relacionadas à DNP e se sua presenc¸a se relaciona a sintomas mais graves (1-5). Objetivo: Determinar a associac¸ão entre DNP e parâmetros clínicos em pacientes com manifestac¸ões musculoesqueléticas da FC. Método: Pacientes atendidos no ambulatório de reumatologia com sintomas osteoarticulares da FC foram avaliados quanto a características demográficas e clínicas. A presenc¸a de DNP foi avaliada pelo questionário DN4. A análise estatística foi feita através dos testes de Mann Whitney (associac¸ões) e Spearman (correlac¸ões). Resultados: Foram avaliados 66 pacientes, com média de idade de 49,9 anos (20-79), sendo 56 do sexo feminino. Um total de 36 pacientes apresentava DNP à primeira avaliac¸ão. A média de durac¸ão de sintomas de FC foi de 8 + 6,9 semanas. A presenc¸a de DNP foi associada significativamente a maior número de dias de afastamento do trabalho (p = 0.0023), escala visual analógica (EVA) de dor (p = 0.0003), EVA global do paciente (p = 0.0115) e do médico (p = 0.0005), EVA de rigidez matinal (p = 0.0032), número de articulac¸ões dolorosas (p = 0.0295) e edemaciadas (p = 0.015). Houve correlac¸ão do escore do DN4 com número de juntas dolorosas (r = 0.4564, p = 0.0051, IC 0,1404-0,6880), número de juntas edemaciadas (r = 0.4306, p = 0.0088, IC 0.1088-0.6707), EVA do médico (r = 0.6514, p < 0.0001, IC 0.3977-0.8126) e do paciente (r = 0.4234, p = 0.0113, IC 0.09479-0.6689).

1. de Andrade DC, Jean S, Clavelou P, Dallel R, Bouhassira D. Chronic pain associated with the Chikungunya Fever: long lasting burden of an acute illness. BMC Infect Dis. 2010;10:31. 2. Chandak NH, Kashyap RS, Kabra D, Karandikar P, Saha SS, Morey SH, et al. Neurological complications of Chikungunya virus infection. Neurol India. 2009;57:177–80. 3. Puccioni-Sohler M, Salgado MC, Versiani I, Rosadas C, Ferry F, Tanuri A, et al. Carpal tunnel syndrome after chikungunya infection. Int J Infect Dis. 2016;53:21–2. 4. Mohite AA, Agius-Fernandez A. Chikungunya fever presenting with acute optic neuropathy. BMJ Case Rep. 2015:2015. 5. Waymouth HE, Zoutman DE, Towheed TE. Chikungunya-related arthritis: case report and review of the literature. Semin Arthritis Rheum. 2013;43:273–8.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.06.091 PO87 EFICÁCIA E SEGURANC¸A DA VACINAC¸ÃO ANTI-AMARÍLICA A CURTO E LONGO PRAZO EM PACIENTES COM DOENC¸AS REUMÁTICAS IMUNOMEDIADAS EM TRATAMENTO V. Valim a , S.A. Gouvea a , S.M.B. Lima b , A.C.C. Azevedo c , A.T. Carvalho c , V.P.M. Pascoal d , S.T. Miyamoto a , A.L.S. Souza a , P.C.M. Rocha a , T.Z. Casagrande a , L. Balarini a , E.V. Serrano a , R.H. Duque a , M.B.R.O. Gavi a , M.K. Huber a , K.L.L.L. Machado a , V.G. Dinis a , L.C. Caser a , L.D. Moura a , A.D. Pinto a , A.P.N.B. Lima a , F.L.C. Salume a , L.F.S. Pinto-Neto e , L.R. Brandão a , E.T.L. Polito a , T.B. Clemente a , E.S. Magalhães a , L.C. Rodrigues a , F.N.B. Morello a , Oliveira a , M.M. Thebit a , M.F. Bissoli a , O.A. Martins-Filho d a

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória, ES, Brasil b Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BIOMANGUINHOS), Fundac¸ão Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil c Fundac¸ão Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil d Centro de Pesquisas René Rachou, Fundac¸ão Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Belo Horizonte, MG, Brasil e Escola de Medicina Santa Casa Misericórdia (EMESCAM), Vitória, ES, Brasil Palavras-chave: Febre amarela; Vacina anti-amarílica; Doenc¸as reumáticas imunomediadas