DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE UM AMBULATÓRIO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NA VISÃO DO PACIENTE. ESTUDO EXPLORATÓRIO E QUALITATIVO

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE UM AMBULATÓRIO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NA VISÃO DO PACIENTE. ESTUDO EXPLORATÓRIO E QUALITATIVO

r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S139–S207 Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil Palavras-chave...

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r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S139–S207

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Gestac¸ão; Nefrite A nefrite ocorre em aproximadamente 60% das pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). A gestac¸ão pode afetar o curso da nefrite lúpica (NL), incluindo reativac¸ão e complicac¸ões como a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e pré-eclâmpsia (PE). Objetivo: Estudar o desfecho clínico de gestac¸ões em mulheres com nefrite lúpica. Método: Análise retrospectiva de 118 gestac¸ões únicas em pacientes com LES (critérios ACR) e partos após 22 semanas no período de 2011 e 2015. Resultados: Em 46% das gestac¸ões estudadas havia história prévia de NL (n = 55). Observamos LES ativo no grupo com NL em 41% das pacientes na concepc¸ão, 47% durante a gestac¸ão e 21% no puerpério, versus 25%, 17% e 4% respectivamente no grupo sem NL (␹2, p = 0,03, p < 0,001, p = 0,003). O principal sistema com atividade no grupo da NL foi o renal e no grupo sem NL, pele e articulac¸ões. No grupo com NL, 80% das pacientes usaram prednisona (incluindo pulsoterapia com metilprednisolona (MP) em 3) e 70% azatioprina, em comparac¸ão a 57% (1 MP) e 30% respectivamente, nas pacientes sem NL (␹2, p = 0,004, p ≤ 0,001). A HAS (29% versus 8%, ␹2, p = 0,001) e PE (29% versus 11%, ␹2, p = 0,008) foram mais frequentes no grupo com NL, ressaltando que metade das gestantes com PE teve nefrite ativa durante a gestac¸ão. A frequência de diabetes gestacional não foi diferente entre os grupos (7% com NL versus 9% sem NL, ␹2, p = 0,34). Conclusão: No presente estudo, o elevado percentual (41%) de nefrite ativa na concepc¸ão e durante a gestac¸ão pode justificar a elevada frequência de HAS, PE e o maior uso de esteroide e imunossupressores. Os resultados encontrados reforc¸am a necessidade de optimizac¸ão das medidas de orientac¸ão às pacientes com lúpus incluindo anticoncepc¸ão e programac¸ão da gestac¸ão para as fases de remissão, principalmente nas com NL.

refer ê ncias

1. de Jesus GR, Mendoza-Pinto C, de Jesus NR, Dos Santos FC, Klumb EM, Carrasco MG, et al. Understanding and managing pregnancy in patients with lupus. Autoimmune Dis. 2015;2015:943490. 2. Smyth A, Oliveira GHM, Lahr BD, Bailey KR, Norby SM, Garovic VD. A Systematic Review and Meta-Analysis of Pregnancy Outcomes in Patients with Systemic Lupus Erythematosus and Lupus Nephritis. Clin J Am Soc Nephrol. 2010;5:2060–8. 3. Borella E, Lojacono A, Gatto M, Andreoli L, Taglietti M, Iaccarino L, et al. Predictors of maternal and fetal complications in SLE patients: a prospective study. Immunol Res. 2014;60:170–6. 4. Doria A, Tincani A, Lockshin M. Challenges of lupus pregnancies. Rheumatology (Oxford). 2008 Jun;47 Suppl 3:iii9-12. doi: 10.1093/rheumatology/ken151.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.144

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PO252 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE UM AMBULATÓRIO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO NA VISÃO DO PACIENTE. ESTUDO EXPLORATÓRIO E QUALITATIVO L.P. Boechat, I.R. Carvalho, R.F. Coffler, M.C. Arnez, K.R. Silva, L.S.M. Andrade, I.P. Garcia, C.M. Pereira, H.F.B. Acevedo, V.O. Dorado, J.C. Borges, B.E.R. Bica, M.M. Abreu Servic¸o de Reumatologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil Palavras-chave: Qualidade da assistência; Metodologia qualitativa; Perspectiva do paciente. Introduc¸ão: Promoc¸ão de saúde ao paciente com lúpus é um desafio que depende diretamente da qualidade da assistência. Objetivos: Estabelecer um diagnóstico situacional da qualidade da assistência na perspectiva dos pacientes de um ambulatório de lúpus de um servic¸o terciário. Participantes e metodologia: Delineado de modo transversal e descritivo, o estudo empregou metodologia qualitativa, com questionários semi-estruturados e entrevistas abertas. Uma amostragem aleatória foi recrutada em pacientes acima de 18 anos, com mais de 1 ano de seguimento no mesmo servic¸o. Excluíram-se aqueles que se recusaram a participar. As entrevistas foram conduzidas de modo presencial e gravadas após a permissão do paciente. Análise dos dados: Empregou-se a estratégia de análise do discurso para avaliac¸ão das entrevistas, composta por 4 fases: (1) familiarizac¸ão (leitura do texto transcrito do áudio); (2) categorizac¸ão (identificac¸ão de padrões de respostas obtidos pelas entrevistas); (3) análise do documento (avaliac¸ão dos conceitos, ideias, metáforas e outros aspectos de linguagem que sejam representativos); (4) interpretac¸ão e consolidac¸ão do conteúdo. Resultados: Como estudo exploratório, foram convidados 11 pacientes, havendo uma recusa. As categorias identificadas foram classificadas em unidade de contexto (referentes ao sistema de saúde) e unidades de registro (referentes a estrutura do ambulatório). As unidades de contexto foram: (a) trajeto de casa para o hospital (transito, custo e qualidade de transporte) e (b) escassez de medicamentos disponibilizados pela rede SUS. Como unidades de registro observaram-se: (a) compreensão da prescric¸ão; (b) tempo gasto na sala de espera e (c) participac¸ão do paciente na tomada de decisão. Conclusão: Os usuários deste servic¸o apontaram que tanto fatores do sistema de saúde quanto da estrutura organizacional do ambulatório são determinantes da qualidade da assistência ofertada. Esse trabalho é uma base para futuras estratégias de melhorias da qualidade da assistência deste ambulatório.

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refer ê ncias

todos os domínios (desejo, excitac¸ão, lubrificac¸ão, orgasmo, satisfac¸ão e dor durante o ato sexual).

1. Donabedian A. The quality of care. How can it be assessed? JAMA. 1988;260:1743–8. 2. Higashi T, Wenger NS, Adams JL, Fung C, Roland M, McGlynn EA, et al. Relationship between number of medical conditions and quality of care. N Engl J Med. 2007;356:2496–504. 3. Feldman CH, Bermas BL, Zibit M, Fraser P, Todd DJ, Fortin PR, et al. Designing an intervention for women with systemic lupus erythematosus from medically underserved areas to improve care: a qualitative study. Lupus. 2013;22:52–62. 4. Mazzoni D, van Leeuw B, Bednarova P, Marchiori F, Lerstrøm K. Patients’ participation in research projects as partners. Lupus. 2015;24:776–7.

refer ê ncias

1. Tristano AG. The impact of rheumatic diseases on sexual function. Rheumatol Int. 2009;29:853–60. 2. Curry SL, Levine SB, Corty E, Jones PK, Kurit DM. The impact of systemic lupus erythematosus on women’s sexual functioning. J Rheumatol. 1994;21:2254–60. 3. Clayton A, Ramamurthy S. The impact of physical illness on sexual dysfunction.Adv Psychosom Med. 2008;29:70–88.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.146 http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.145 PO253 DISFUNC¸ÃO SEXUAL EM MULHERES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO A.C.V. Godoy Jr. a , H.A.S. Gaertner a , B. Longo b , R. Nisihara a , T. Skare a a

Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba, PR, Brasil b Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Disfunc¸ão sexual; FSFI (índice de func¸ão sexual feminina) Introduc¸ão: Pacientes com doenc¸as crônicas como as reumatológicas possuem uma tendência a desenvolver algum nível de disfunc¸ão sexual. Objetivo: Investigar a presenc¸a de disfunc¸ão sexual em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) em comparac¸ão com um grupo controle sadio. Métodos: Trata-se de um estudo do tipo transversal, observacional e analítico, no qual se aplicaram questionários para os dois grupos estudados. Estes eram compostos por duas partes: acerca de dados clinico-demográficos e acerca da func¸ão sexual. Este último foi feito com o uso do questionário validado Índice de func¸ão sexual feminina (FSFI) que é composto por 6 domínios - Desejo, Excitac¸ão, Lubrificac¸ão, Orgasmo, Satisfac¸ão e Dor, variando entre 2 e 36 pontos. São consideradas com disfunc¸ão sexual mulheres com escore < 26 pontos.PAcietnes com LES e controles foram comparadas entre si. Resultados: As taxas de disfunc¸ão sexual foram de 76,9% no LES e 45,9% no grupo controle. A comparac¸ão dos domínios presentes no questionário FSFI entre pacientes com LES e grupo controle foi significativo em todos os quesitos: desejo, (p < 0,0001); excitac¸ão (p = 0,002); lubrificac¸ão (p = 0,007); orgasmo (p = 0,01); satisfac¸ão (p = 0,01) e dor (p = 0,0005) completando um escore total também com diferenc¸a significativa (LES x controles p = 0,0003). Conclusão: A prevalência de disfunc¸ão sexual foi alta tanto no grupo com LES quanto no grupo controle. Quando realizada a comparac¸ão entre pacientes com LES com grupo controle, observou-se, no primeiro grupo, significativa disfunc¸ão em

PO254 DOENC¸A DE KIKUCHI-FUJIMOTO COMO MANIFESTAC¸ÃO INICIAL DO LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO J.F. Pignatari, M.M.M. Cortês, F.F. Barboza, A.C.M. Sodré, E.A. Macedo, A.A.V. Pugliesi, A.P. Herculiani, L.T.L. Costallat, S. Appenzeller Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Introduc¸ão: A doenc¸a de Kikuchi-Fujimoto é uma rara causa de linfadenomegalia em adolescentes, que pode mimetizar linfoma. Há correlac¸ão dessa doenc¸a com Lupus Eritematoso Sistêmico e, algumas vezes, pode ser a manifestac¸ão inicial desta. Descric¸ão do caso: Paciente feminino, 21 anos, com história de linfonodomegalia generalizada, adinamia e perda ponderal há 1 ano. Há 4 meses iniciou quadro de febre diária aferida associada a sudorese noturna e artrite referida de punhos e metacarpofalangeanas. Também apresentava anemia microcítica e hipocrômica e linfopenia. Ao exame físico apresentava linfonodomegalia cervical, retroauricular e axilar. Realizado PET-CT que também demonstrava linfonodomegalia mediastinal com captac¸ão. Realizou biópsia de linfonodos cervical e axilar e de medula óssea, as quais no primeiro momento mostraram-se inespecíficas. Exames laboratoriais com presenc¸a de FAN 1/320 nuclear pontilhado grosso, proteinúria (0,98 g), consumo de complemento e PCR para citomegalovirus positivo em baixos títulos. Iniciado tratamento com Ganciclovir por 14 dias até negativac¸ão dos títulos, porém sem regressão da febre e linfonodomegalia. Revisão de lâmina de biópsia indicou linfadenite lúpica/doenc¸a Kikuchi-Fujimoto, sem evidências de malignidade. Foram então excluídas outras causas infecciosas, como tuberculose, e doenc¸as linfoproliferativas. Iniciado Hidroxicloroquina e Prednisona 1 mg/kg, com regressão da febre, melhora da proteinúria (0,45 g) e níveis de complemento dentro da normalidade. Discussão: A doenc¸a de Kikuchi-Fujimoto, apesar de rara, é uma importante causa de linfadenomegalia, principalmente em crianc¸as e adolescentes. Geralmente a doenc¸a é auto limitada, porém se ocorre concomitante com Lupus tende a ter um curso mais agressivo. A semelhanc¸a microscópica des-