r e v b r a s r e u m a t o l . 2 0 1 7;5 7(S 1):S139–S207
3. Naranjo LAG, Gómez LAR. Lupus eritematoso sistémico de inicio tardío. Revista Colombiana de Reumatología. 2008;15:168–85.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.179 PO287 MENINGITE ASSÉPTICA NO LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO: RELATO DE CASO J.B.V. Schwaner a , R.A.S. Rocha a , R.A.C. Freire a , P.G. Pedreira a , D.G. Ruiz b , H.C.M. Rossoni b a
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Araguaína, TO, Brasil b Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Ayres (HGP), Palmas, TO, Brasil Palavras-chave: Meningite; Lupus; Liquor Introduc¸ão: A meningite asséptica (MA) é uma entidade anatomoclínica aguda, benigna, rara, de uma reac¸ão inflamatória meníngea, na ausência de patógenos identificáveis no líquido cefalorraquidiano (LCR). Descric¸ão do caso: Paciente T.S.A., 19 anos, parda, solteira, internada com quadro de artrite de punhos e tornozelos, rash malar, úlceras orais e nasais, cefaleia intensa e febre intermitente há 2 meses. Tendo em vista a suspeita de lúpus foi solicitado exames. Após melhora do quadro clínico recebeu alta hospitalar, em uso de prednisona e hidroxicloroquina. No quarto dia pós-alta hospitalar paciente retorna queixando-se de cefaleia intensa e pico febril com episódio de crise convulsiva tônico-clônica. RNM de encéfalo evidenciou espessamento das meninges e lesões em núcleos da base e cerebelo sugestivas de vasculite. Punc¸ão liquórica evidenciou líquor estéril de aspecto límpido com aumento de proteínas e diminuic¸ão discreta da glicose. Iniciado aciclovir devido suspeita de meningite asséptica por enterovírus. Os exames laboratoriais anteriormente solicitados evidenciaram FAN, anti-DNA, anti-SM reagentes e consumo do complemento C3 e C4, confirmando o diagnóstico de lúpus, sendo iniciado pulsoterapia com metilprednisolona e ciclofosfamida, apresentando melhora progressiva do quadro. Paciente refere uso frequente de ibuprofeno. Discussão: O diagnóstico MA é dificultado pela inespecificidade das manifestac¸ões clínico-laboratoriais, o que resulta em hospitalizac¸ões e propedêuticas intervencionistas desnecessárias. Sua etiologia mais comum é viral, sendo os enterovírus responsáveis por mais de 80% dos casos em que o agente etiológico é identificado. Porém, a MA também é mais comuns em pacientes com doenc¸a autoimune, tendo o lúpus como uma das suas possíveis causas. Nos pacientes com lúpus a MA é observada em até 4% dos casos, sendo o uso de ibuprofeno em adolescentes com lúpus um fator de risco para MA. Dessa forma, diante das informac¸ões disponíveis não é possível estabelecer um diagnóstico etiológico definitivo da MA da paciente.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.180 PO288 MIELITE TRANSVERSA POR ZIKA VÍRUS EM PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: RELATO DE CASO D.S.N. Lima a , H.L.A. Pereira a , A.C.S. Menezes b , M.P. Ferreira c , C.P.F. Oliveira b , D.S. Lima b a
Servic¸o de Reumatologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil b Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil c Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, AM, Brasil Palavras-chave: Mielite transversa; Lúpus eritematoso sistêmico; Zika vírus. Introduc¸ão: O zika vírus é um arbovírus caracterizado por cefaleia, exantema, mal estar, edema e dores articulares, ocasionalmente intensas. Apesar de seu quadro geralmente autolimitado, acometimentos neurológicos vêm sendo registrados. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 24 anos, diagnosticada com lúpus eritematoso sistêmico e nefrite classe IV há 15 anos em remissão, iniciou quadro de mialgia generalizada prejudicando deambulac¸ão, associada a febre de 38,1◦ e adinamia por 3 dias, sem outros comemorativos. Após melhora da mialgia e febre, manteve astenia e cefaleia unilateral esquerda recorrente sem melhora com sintomáticos, evoluindo com síncope, paraparesia em MMII do tipo progressiva ascendente e crise convulsiva tônico-clônica. Realizou-se hemograma, func¸ão renal e PCR que resultaram normais, VHS de 49 mm/1 h, hemocultura e urinocultura negativas, proteinúria de 24 horas de 602 mg, complemento sérico (C3 e C4) normais, anticorpo Anti-DNA negativo, anti-Cardiolipina IgM negativo, Beta-2-Glicoproteína negativo, Anticorpo Anti-Aquaporina não reagente, sorologia para Dengue IgM negativo, PCR para Zika vírus no soro negativo, PCR para Zika vírus na urina detectável, PCR para Zika vírus no Líquor positivo. À ressonância magnética (RNM), observou-se alterac¸ões compatíveis com mielite transversa, entretanto, a RNM de crânio não apresentava alterac¸ões. A terapêutica instituída foi Imunoglobulina Humana 2 g/kg em 5 dias associado
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a Metilpredinisolona 125 mg 1x/dia seguido por pulsoterapia com Metilpredinisolona 1 g por 5 dias. Discussão: As complicac¸ões neurológicas mais comuns pelo zika vírus em adultos são Síndrome de Guillain-Barré, meningoencefalite, mielorradiculite, oftalmoplegia externa e mielite. A avaliac¸ão simples do líquor, sem a análise de PCR para o vírus, é usualmente inespecífica, sem correlac¸ão com achados clínicos. O tratamento varia de acordo com o acometimento neurológico, baseando-se em imunoglobulina humana e pulsoterapia com corticosteroides. Conclusão: As manifestac¸ões clínicas do Zika vírus são inespecíficas e brandas, porém, casos como este demonstram a necessidade de considerar tal diagnóstico em pacientes com mielite transversa.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.181 PO289 MIOCARDITE LÚPICA AGUDA COM EXCELENTE RESPOSTA A IMUNOSSUPRESSÃO: RELATO DE CASO L. Martins, I. Rocha, C. Lucena, N. Cavalcanti, R. Guimarães, H. Mariz, C. Marques, A.P. Duarte Hospital das Clínicas (HC), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil Palavras-chave: Miocardite; Lupus Eritematoso Sistêmico; Imunossupressão
de miocardite aguda. Houve piora da func¸ão renal sem evidência de nefrite (proteinúria 304 mg/24 h, sem hematúria e cilindrúria). Descartada causa infecciosa, sem evidencia de TEP na cintilografia e ECG normal, foram realizados pulsoterapia com metilprednisolona (1 g/dose) por 4 dias seguidos e de ciclofosfamida (750 mg/dose), além do manejo clínico da insuficiência cardíaca aguda. Evoluiu satisfatoriamente, no controle semanal, o ECO mostrou FE de 39,6%, HAP (PSAP 45 mmHg) e derrame pericárdico discreto. Recebeu alta em boas condic¸ões clínicas, com corticoide e programac¸ão de pulsoterapia mensal com ciclofosfamida. CONSIDERAC ¸ ÕES: A miocardite lúpica é uma condic¸ão rara e potencialmente fatal. Existem poucos estudos publicados e o tratamento baseia-se em relatos de casos isolados ou descric¸ão com pequenas séries, extrapolando-se para os esquemas usados na nefrite e SNC. Destacamos a rápida e excelente resposta, justificada pelo diagnóstico precoce e conduta adequada, aliados a terapia imunossupressora e monitoramento intensivo mudando assim o prognóstico deste comprometimento grave e fatal.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.182 PO290
Introduc¸ão: Dentre as manifestac¸ões cardíacas no LES, a miocardite acomete cerca de 10% dos pacientes, variando desde assintomáticos até morte súbita, e requer, em especial, um tratamento precoce devido à possibilidade de progressão para arritmias, distúrbios de conduc¸ão, cardiomiopatia dilatada e ICC com dano estrutural permanente. Relatamos uma paciente cuja atividade neste surto foi de uma miocardite aguda, sem disfunc¸ão cardíaca prévia. Relato de caso: DST, 28 anos, sexo feminino, diagnóstico de LES há 8 anos com lesão cutânea discoide, alopecia, artrite, serosite, nefrite, plaquetopenia, FAN e consumo de complemento (Critério SLICC 2012). Foi admitida com dispneia aos mínimos esforc¸os e cianose. Ao exame físico hipotensa, crepitac¸ão em bases pulmonares, anasarca, taquicardia e lesões cutâneas em atividade. Evidenciou-se derrame pleural bilateral, cardiomegalia, marcadores de necrose miocárdica elevados, ecocardiograma com disfunc¸ão sistólica importante (FE de 26%), derrame pericárdico, disfunc¸ão de VD e hipertensão arterial pulmonar (HAP) com PSAP 70 mmHg, sugestivos
MIOCARDITE LÚPICA: RELATO DE DOIS CASOS A.C.M. Sodré, F.F. Barboza, M.M.M. Cortês, J.F. Pignatari, A.A.V. Pugliesi, S. Appenzeller, L.T.L. Costallat Disciplina de Reumatologia, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Palavras-chave: Miocardiopatia; Lúpus Eritematoso Sistêmico Introduc¸ão: O miocardite sintomática do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é pouco frequente. Apresenta-se geralmente com disfunc¸ão de ventrículo esquerdo, de curso agudo ou crônico. É potencialmente grave, com alta morbimortalidade. O tratamento inclui medidas para insuficiência cardíaca, altas doses de glicocorticoides e imunossupressores.