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manifestac¸ões pulmonares conhecidas e aplicado teste de Fischer para avaliac¸ão estatística. Resultados: Foram selecionados 70 pacientes com SSp (68% do sexo feminino e média de idade de 45.8 ± 9.5). Quinze (21.4%) apresentavam alguma forma de manifestac¸ão pulmonar, sendo 93.3% com DPI. Cistos pulmonares foram os achados mais frequentes na TC de tórax (14.2%). Encontrou-se associac¸ão estatística entre consumo de complemento e a presenc¸a de manifestac¸ão pulmonar de uma maneira geral (38.4% vs 10.2%, p: 0.02). Não houve associac¸ão entre os diferentes auto-anticorpos ou outras formas de manifestac¸ão extra-glandular com qualquer forma de manifestac¸ão pulmonar. Conclusão: Em nossa casuística, a presenc¸a de acometimento pulmonar foi frequente (21.4%) e associada à presenc¸a de consumo de complemento. Do conhecimento dos autores, essa associac¸ão é inédita, assim como é a caracterizac¸ão das manifestac¸ões pulmonares em uma populac¸ão brasileira de pacientes com SSp.
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1. Enomoto Y, Takemura T, Hagiwara E, Iwasawa T, Fukuda Y, Yanagawa N, et al. Prognostic factors in interstitial lung disease associated with primary sjögren’s syndrome: a retrospective analysis of 33 pathologically–proven cases. PLoS One. 2013;8:e73774. 2. Roca F, Dominique S, Schmidt J, Smail A, Duhaut P, Lévesque H, et al. Interstitial lung disease in primary Sjögren’s syndrome. Autoimmun Rev. 2017;16:48–54. 3. Lechtman S, Debray MP, Crestani B, Bancal C, Hourseau M, Dossier A, et al. Cystic lung disease in Sjögren’s syndrome: An observational study. Joint Bone Spine. 2017;84:317–21. 4. Ramos-Casals M, Brito-Zerón P, Seror R, Bootsma H, Bowman SJ, Dörner T, et al., EULAR Sjögren Syndrome Task Force. Characterization of systemic disease in primary sjögren’s syndrome: eular-ss task force recommendations for articular, cutaneous, pulmonary and renal involvements. Rheumatology (Oxford). 2015;54:2230–8.
glândulas salivares, que se apresenta com um edema firme glandular e, comumente, confunde-se com neoplasia. Essa lesão acomete geralmente as glândulas submandibulares e, raramente, são descritos casos de envolvimento das glândulas parótidas e lacrimais. Descric¸ão de caso: M.C.M.M., 48 anos, procurou oftalmologista devido ao surgimento de edema inflamatório, periorbitário à direita. Solicitou-se RNM de órbita, que evidenciou aumento de volume de glândula lacrimal direita, de aspecto inespecífico, sendo indicado tratamento com Prednisona, 50 mg, com reduc¸ão gradual da dose em cinco semanas, e Tobramicina + Dexametasona (tópico), havendo melhora do quadro. Ao desmame, houve recidiva, e nova RNM com contraste sugeriu dacrioadenite inflamatória/infecciosa, além de espessamento e edema de partes moles na região pré-septal direita. Diante do surgimento de linfonodomegalias cervicais, solicitou-se Ultrassonografia, que revelou adenomegalias de aspecto reacional, principalmente submandibular, com imagem nodular focal em glândula submandibular direita. Internou-se para exames laboratoriais como sorologia para doenc¸as infecciosas (Toxoplasmose, Rubéola, CMV, Hepatites B e C, HIV) e pesquisa de autoanticorpos (FR, FAN, anti-Ro/ La), negativa, e biópsia glandular, que evidenciou SEC, possivelmente relacionada à IgG4, com hiperplasia linfoide reacional moderada. Iniciou-se prednisona, 60 mg/dia, associada a azathioprina, 100 mg/dia. Após seis meses, apenas com imunossupressor, notou-se melhora nos parâmetros clínico-laboratoriais. Discussão: Apesar de ser considerada entidade rara, a SEC é um diagnóstico histopatológico que não deve ser considerado idiopático pelos investigadores, que devem esforc¸ar-se para avaliar envolvimento sistêmico e excluir hipóteses como: Sarcoidose, Doenc¸a Linfoproliferativa, Granulomatose de Wegener, Síndrome de Sjögren, entre outras e, quando associada à Doenc¸a Inflamatória da Órbita Idiopática, devem investigar a formac¸ão elevada e deposic¸ão de IgG4. De acordo com órgãos-alvo acometidos, refratariedade a imunossupressores orais ou dependência ao corticoide, indica-se Ciclofosfamida ou Rituximab.
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refer ê ncias
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PO355 CONDUTA DIAGNÓSTICO-TERAPÊUTICA DA SIALOADENITE ESCLEROSANTE CRÔNICA Y.M.N. Alves a , D.C. Araújo b , J.E. Castro Jr b , F. Rolim c , M.R.S. Fonseca c , S.M.A. Fontenele a,b,c
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Universidade de Cuiabá (UNIC), Cuiabá, MT, Brasil b Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS), Fortaleza, CE, Brasil c Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil Palavras-chave: Sialoadenite Crônica Esclerosante; Depósito de IgG4 Introduc¸ão: A Sialoadenite Esclerosante Crônica (SEC) é uma patologia caracterizada por fibrose e inflamac¸ão das
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.250 PO356 DERMATOMIOSITE AMIOPÁTICA COM LESÕES CUTÂNEAS REFRATÁRIAS, ASSOCIADA AO ANTICORPO ANTI-MDA-5: RELATO DE CASO F.R. Pereira a , A.R. Silva b , V.C. Tadeu b , M.L.B. Lucas b , L.F.T. Oliveira b
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a Secretaria Municipal de Saúde de Macaé, Macaé, RJ, Brasil b Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Macaé, RJ, Brasil Palavras-chave: Dermatomiosite; Doenc¸as do colágeno; Prognóstico
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Introduc¸ão: A dermatomiosite é uma condic¸ão clínica na qual o acometimento inflamatório muscular leva a elevada morbidade e mortalidade quando inadequadamente tratada. Acomete crianc¸as e adultos, sendo imperativa a identificac¸ão de características associadas a um pior prognóstico, impactando nas decisões terapêuticas e na evoluc¸ão dos pacientes. Descric¸ão do caso: SSCF, 19 anos, feminina, branca, sem comorbidades prévias, com quadro clínico iniciado há três meses: oligoartrite em mãos e pés; lesões exantemáticas em áreas fotoexpostas; heliótropo; pápulas de Gottron; rash palmar sugestivo de vasculite em palmas das mãos; alopecia; intenso fenômeno de Raynaud e febre. Forc¸a muscular proximal e distal preservada nos quatro membros. Perfil laboratorial geral e imunológico, incluindo FAN e anti-Jo-1, sem alterac¸ões; CPK, eletroneuromiografia dos quatro membros, tomografia de tórax e ecocardiograma sem alterac¸ões. Investigac¸ão para neoplasia negativa. Capilaroscopia com padrão SD. O caso foi conduzido como dermatomiosite amiopática, sendo tratado com glicocorticoide, azatioprina e hidroxicloroquina. Evoluiu com piora das lesões cutâneas e vasculíticas, ulcerac¸ões e edema em mãos e face, porém sem envolvimento pulmonar, sendo associado metotrexato. O padrão de acometimento cutâneo observado, com ulcerac¸ões, e refratariedade ao tratamento imunossupressor combinado motivou a pesquisa de anticorpo anti-MDA-5, que se mostrou positivo. Devido à persistência e ao agravamento das lesões cutâneas e vasculares, associado ao potencial envolvimento pulmonar grave nesse perfil de pacientes, optou-se pela terapia com imunoglobulina e metotrexato, com importante melhora. Discussão: A dermatomiosite amiopática associada ao anticorpo anti-MDA-5 tem sido relacionada a uma frequência aumentada de ulcerac¸ões cutâneas, digitais e edema das mãos, além de doenc¸a pulmonar intersticial de evoluc¸ão mais agressiva, piorando o prognóstico da doenc¸a. O diagnóstico desta condic¸ão permite identificar pacientes que podem evoluir com complicac¸ões mais graves, permitindo uma abordagem terapêutica precoce.
DERMATOMIOSITE AMIOPÁTICA: RELATO DE CASO
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J.F. Pignatari, M.M.M. Cortês, F.F. Barboza, A.C.M. Sodré, A.A.V. Pugliesi, M.F. Mokwa, M.B. Bertolo Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil Introduc¸ão: A dermatomiosite amiopática (DMa) é caracterizada pela presenc¸a de achados dermatológicos típicos da dermatomiosite (heliotropo ou pápulas de Gottron) sem evidência clínica de doenc¸a muscular no exame físico ou laboratorial durante pelo menos 6 meses. A DMa está associada a maior risco de formas graves e de rápida instalac¸ão de acometimento pulmonar e a presenc¸a do anticorpo anti-MDA5 parece ser preditor desse risco. A possibilidade de evoluc¸ão para miopatia clínica/laboratorial existe, principalmente nos dois primeiros anos da doenc¸a. Descric¸ão do caso: Paciente feminino, 26 anos, apresentou há 1 ano quadro de eritema violáceo periorbitário com edema associado (heliotropo) e placas eritematosas em metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais (pápula de gottron) e em região anterior do tórax (sinal do V). Além disso observava-se fenômeno de Raynaud e artrite em punhos, metacarpofalangeanas e joelhos. A forc¸a muscular era normal. Durante investigac¸ão adicional, eletroneuromiografia sem alterac¸ões e enzima muscular (CK) dentro dos limites da normalidade. Apresentava capilaroscopia com padrão SD. Não apresentava sinais de doenc¸a intersticial pulmonar na tomografia de tórax. A investigac¸ão para neoplasia foi negativa. Feito diagnóstico de DMa e iniciado tratamento com Prednisona 20 mg/dia, Hidroxicloroquina e Metotrexate com melhora do quadro cutâneo e posterior reduc¸ão gradual do corticóide. Discussão: A DMa vem sendo cada vez mais reconhecida como entidade própria, com dados atuais estimando em 20% dos casos de dermatomiosite. O grave acometimento pulmonar deve ser lembrado e, se possível, o Anti-MDA5 deve ser dosado para predizer o risco desta manifestac¸ão. No caso acima, devido a indisponibilidade no servic¸o, este auto-anticorpo não foi dosado e optado por monitorizac¸ão semestral com prova de func¸ão pulmonar e nova tomografia de tórax em caso de piora. O tratamento baseou-se no convencional para manifestac¸ões cutâneas da dermatomiosite.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2017.07.252